Lindomar 3L ministra oficina em Poços de Caldas para integrantes de projetos sociais
Vítimas. Eles já sofreram violência, abuso e muitas vezes, ficam sem referência. Enfrentar um dia todo para debater o assunto e enfrentar a exploração sexual infantil pode parecer maçante quando se pensa num seminário convencional, no entanto, a presença do rapper Lindomar 3L mudou os rumos do IV Seminário de Enfrentando à Exploração Sexual e Infantil de Poços de Caldas durante a última quarta-feira (1º).
“Através do hip-hop e da rede social, vamos lutar contra a violência sexual”. Com esse grito de guerra, cerca de 150 crianças e adolescentes de escolas públicas e de projetos sociais do município percorreram as ruas centrais da cidade numa manifestação pelo fim desse tipo de violação.
Estudantes durante ofina do Lindomar 3L |
Balões brancos, “recheados” com frases feitas pelos participantes foram entregues de mão em mão pelas ruas da cidade, com objetivo de sensibilizar a sociedade para o problema.
Durante as horas em que estiveram na companhia do rapper, os próprios jovens tomaram a iniciativa de compor músicas próprias e poesias, somando, ao todo, 16 textos feitos por eles mesmos. Com o auxílio de bases feitas pelo rapper mineiro Leopac, cantaram e declamaram uns para os outros, ao mesmo tempo em que debateram, por meio da arte, o problema que atinge, por hora, cerca de quatro menores no Brasil.
Na cidade em que o evento foi realizado, a cada três dias, um novo caso é registrado e por conta disso o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), quis estimular nos jovens o papel de protagonistas.
Lindomar 3L durante a oficina sobre Legalidade e Responsabilização referente ao abuso sexual |
Com o auxílio da jornalista, escritora e pesquisadora Jéssica Balbino chegaram até o rapper, que prontamente se dirigiu à cidade para realizar a oficina.
Para Lindomar, a resposta dos jovens, que em poucas horas de oficina produziram 16 poesias e letras de música foi surpreendente. “Eu fiquei surpreso com o resultado da oficina. Os adolescentes responderam muito bem ao que tentei passar a eles. Em pouco tempo, por iniciativa própria, eles compuseram as próprias músicas e fizemos até mesmo uma coletiva, com o refrão usado como grito de guerra”, pontua o rapper.
Durante a oficina, ele contou um pouco da própria experiência com o hip-hop, respondeu perguntas, relembrou fatos, exibiu o videoclipe e o mini documentário Rua Augusta, do rapper Emicida. Os alunos também confeccionaram cartazes com frases de efeito, colagens e fotos, para debater o problema em pauta.
Hip Hop usado como ferramenta para findar a violência sexual |
Ainda dentro da cultura hip-hop, usada como elemento dentro da educação, foram trabalhados os temas como Legalidade e Responsabilização, onde os jovens produziram cartazes e participaram de uma batalha de rimas, envolvendo o tema e discutindo uma forma de acabar com o abuso sexual.
Jovens estudantes do programa Mais Educação também fizeram uma apresentação de dança, envolvendo a cultura hip-hop.
Estudantes confeccionam poesias, frases e músicas por vontade própria durante a oficina |
Já para o arte-educador, Rafael Maximiano, esta é a oportunidade de mostrar como a arte pode trazer os jovens para perto da sociedade e no caso da violência sexual, quebrar a rede do silêncio. “Com a montagem de espetáculos de dança trabalhamos todas as áreas da vida destas crianças e jovens. Elas resgatam auto-estima, ficam mais confiantes, liberam emoções e sensações e são capazes de criar. Num momento de discussão, a dança também é importante”, frisa.
Videoclipe e mini-documentário Rua Augusta do Emicida são exibidos durante oficina que trata de abuso e exploração sexual |
O psicólogo do Centro de Referência em Assistência Social (Creas), Eugênio Benedictus Cassaro Filho enfatiza a importância de trazer os jovens para discussão e fazê-los assumir o papel de protagonistas dentro da sociedade.
“Queremos estimulá-los a usar os espaços que eles ocupam – principalmente as redes sociais – para denúncias, estímulo de busca de informações quanto à violência e exploração sexual
Queremos que o jovem assuma o protagonismo dessas informações, fazê-lo usar as redes sociais para denunciar e mobilizá-los dentro de outros significados urbanos, até porque ele transita em outros lugares e eles precisam ser multiplicadores”, enfatiza.
Estudantes confecionam cartazes para denunciar violência sexual nas ruas de Poços de Caldas |
Batalha de rimas movimenta oficina de Lindomar 3L |
A partir da oficina, estudantes criam um rap e um grito de guerra para apresentar aos psicólogos, autoridades e comunidade poços-caldense |
Poesias e letras de músicas feitas pelos adolescentes são exibidas e executadas no final da apresentação |
Texto e fotos: Jéssica Balbino
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Jéssica Balbino
Jornalista
Assessoria Hip-Hop
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